11.7.23
QUEM É PEDRO CAMILO?
5.7.23
O CARÁTER DO CONHECIMENTO ESPÍRITA
Allan Kardec trabalhou ao longo de sua obra com diversas formas de produção do conhecimentos, de diversos tipos, como bom intelectual e polímata que era. Para a Revista Espírita de julho a setembro de 2023, sugerimos um texto que aborda quando o codificador trabalhou com a filosofia e suas técnicas, a ciência natural, a ciência do espírito ou ciência humana e com conhecimentos de cujo religioso, nos quais empregou técnicas de hermenêutica com as novas possibilidades que os estudos espíritas trouxeram para a compreensão do universo e dos fenômenos espirituais.
A revista é gratuita e pode ser acessada para leitura em telas (notebook, tablets, smartphones, etc.) no seguinte endereço:
https://cei-spiritistcouncil.com/revue-spirite/ É o número 12, mas os demais números da revista estão disponíveis gratuitamente nessa página.
https://cei-spiritistcouncil.com/lancamento-revue-spirite-n12/
3.7.23
QUE TIPOS DE CONHECIMENTO COMPÕEM A OBRA DE ALLAN KARDEC?
Atendemos ao convite do conhecido Instituto de Cultura Espírita do Brasil, com sede no Rio de Janeiro – RJ, para tratar do artigo publicado no último Enlihpe e intitulado “Allan Kardec entre Comte e Dilthey, ou porque o espiritismo não é apenas Ciência Natural”.
https://www.youtube.com/watch?v=z1UrQai9iag
Nesse artigo buscamos mostrar como Kardec fazia ciência, e que influências pode ter sofrido ao longo de seu trabalho. Comte, apesar de não ser um filósofo reconhecido, foi muito influente na França com o seu positivismo. Hoje o termo perdeu sua precisão e é comum empregá-lo em tom crítico para quem teoriza apenas com induções e observações a partir de dados. Dilthey surgiu depois de Kardec, mas reflete um movimento dos que entenderam que havia ciências com método distinto do geralmente empregado nas ciências naturais (Física, Química, Biologia, principalmente). Comte também propôs que a sociologia fosse uma ciência que emprega as técnicas positivistas, mas não acenou com uma integração às três ciências da natureza, sendo às vezes conhecido como fundador ou precursor da sociologia como ciência.
Dilthey foi o primeiro filósofo reconhecido a propor uma epistemologia (área da filosofia que estuda o conhecimento científico) para o que chamou de ciência do espírito, ciências humanas e de ciências humanas e sociais. a partir do trabalho dele, houve uma fértil disseminação de suas ideias, em conjunto ou isoladas, por áreas do conhecimento como o direito, a sociologia, a história, a antropologia, a psicologia (que já usava métodos de ciências naturais desde Wundt).
Observamos que Kardec propôs técnicas como o “controle universal do ensino dos espíritos” que não fazem parte do rol das técnicas de pesquisa em ciências humanas, mas que tem correspondentes muito semelhantes na na hermenêutica de Schleiemacher, epistemologia de Dilthey, e na Fenomenologia de Edmund Husserl.
No estudo do ICEB, dividimos o artigo em blocos, e discutimos dois deles com a Dra Nadja, Prof. Dra. em Filosofia e diretora do ICEB que tem feito esforços imensos para dar continuidade à instituição com qualidade.
Vimos o conteúdo do texto até Comte, e falaremos desse autor na próxima oportunidade.
Gostaria muito que os leitores do Espiritismo Comentado assistissem e comentassem o conteúdo, o que certamente nos despertará para a questão que é muito ampla e complexa. O artigo do estudo está no livro “Coerência doutrinária na pesquisa espírita”, que pode ser adquirido via Kindle (Amazon.com) ou na livraria do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro, para entrega via correios.
https://ccdpe.org.br/produto/coerencia-doutrinaria-na-pesquisa-espirita/
Quem desejar o texto anterior, publicado no livro “O espiritismo, as ciências e a filosofia”, também fruto de um Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que se encontra em promoção no CCDPE-ECM.
https://ccdpe.org.br/produto/o-espiritismo-as-ciencias-e-a-filosofia/
9.6.23
LANÇAMENTO EM BH: CIÊNCIA DA VIDA APÓS A MORTE
Durante anos, o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES-UFJF) tem realizado pesquisas na fronteira entre saúde, saúde mental e religiosidade/espiritualidade (R/E). Trata-se de uma linha de pesquisas internacional, com dezenas de milhares de artigos e livros publicados em veículos técnicos, dezenas de escalas e questionários validados e órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) envolvidos nessa "empreitada".
O que se tem constatado, e se vem rompendo com a concepção de religião do século 19, é que longe de serem prejudiciais à saúde (embora possam sê-lo), as religiões têm mostrado em pesquisas serem capazes de funcionar como terapia complementar aos tratamentos da medicina tradicional.
R/E tem se mostrado útil em diversas questões e estudos comparando grupos de pacientes que procuram ajuda espiritual/religiosa x grupos de pacientes que apenas realizam tratamentos convencionais, têm mostrado recuperação e qualidade de vida superiores nos grupos experimentais (os que buscam R/E como tratamento complementar). Pesquisas mostram também situações nas quais R/E age como forma negativa de enfrentamento, prejudicando, por exemplo, a adesão do paciente ao tratamento. Aos poucos essa linha de pesquisa tem mostrado que vale a pena associar tratamentos médicos e psicológicos a R/E, respeitando as escolhas dos pacientes, e hospitais têm cada vez mais estabelecido serviços de capelania de diversas religiões.
Como o NUPES, ainda que interdisciplinar, tem funcionado na Faculdade de Medicina da UFJF, outros pontos de pesquisa se colocam, como a relação mente-cérebro, hoje também objeto de interesse internacional da comunidade acadêmica. Afinal, a mente ou a cognição são fruto do funcionamento do sistema nervoso, uma produção cerebral, ou há indícios que o cérebro é apenas uma interface entre algo não biológico e o corpo humano?
Diante dessa questão, os autores agruparam inúmeras linhas de pesquisa que podem responder a perguntas incômodas, tais como: Existem crianças capazes de se recordar de terem sido outras pessoas antes de seu nascimento? Isso é imaginação ou há evidências concretas? Há evidências da existência de médiuns, pessoas capazes de entrar em comunicação com mortos? Eles ou alguns deles são capazes de fornecer informações verificáveis dos espíritos com os quais afirmam conversar? Existem experiências de quase-morte, nas quais, pessoas em situação de parada cardíaca, sem traços de funcionamento cerebral, são capazes de dar informações objetivas e percepções comprováveis durante um período no qual o cérebro não está funcionando? Como entender os fenômenos de Lucidez Terminal, nos quais pessoas com cérebros já muito prejudicados por doenças demenciais e degenerativas, após a perda de muitas de suas capacidades cognitivas, têm um momento de lucidez, conversam com os parentes e depois vêm a óbito?
O livro apresenta pesquisas recentes desses e de outros temas, discute hipóteses alternativas, e as analisa diante dos resultados revistos na literatura internacional, apresentando de forma clara as conclusões a que chegaram dois psiquiatras e um filósofo.
Discute-se em um capítulo bem inovador, a questão das barreiras culturais para a realização desse tipo de estudo, e do questionamento da vida após a morte como objeto de pesquisa experimental.
Esse livro foi inicialmente publicado em inglês pela editora Springer, muito conhecida pelas publicações de revistas e livros técnicos de diversas áreas do conhecimento, e agora foi traduzido para o português por seus autores e publicado por outra editora técnica, a Ampla, já conhecida por suas publicações na área de neuropsicologia.
O livro tem como referências cerca de 350 fontes de revistas científicas e livros técnicos, muito atualizada, que demandaria anos de leitura (e os autores têm) e pesquisa para serem absorvidos.
Comunico que haverá um lançamento em Belo Horizonte no dia 24 de junho, com dois dos autores: O Dr. Alexander Moreira-Almeida (médico psiquiatra e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG) e o Dr. Humberto Schubert Coelho (filósofo, professor de filosofia e ciência da religião na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG)
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Conferência e debate de lançamento do livro “Ciência da Vida Após a Morte” em Belo Horizonte.
Com os autores: Prof. Alexander Moreira-Almeida (Medicina UFJF) e Prof. Humberto Schubert Coelho (Filosofia UFJF).
Haverá oportunidade de perguntas e interação com os autores.
Data: 24/06/23 (sábado) às 16h
Local: Auditório do Tribunal de Justiça de Minas Gerais - Sede da Goias
R. Goiás, 253 - Centro, Belo Horizonte – MG
Entrada Franca e aberta a toda a comunidade
Sem necessidade de inscrição prévia.
No local, o livro será vendido, além da oportunidade de interação, dedicatória personalizada e autógrafo dos autores.
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19.5.23
DESENCARNA JOSÉ PASSINI
Conheci o Passini a partir das suas letras. Ele fazia artigos críticos de trabalhos espíritas, aos moldes acadêmicos. Ele argumentava e discutia as ideias, nunca as pessoas. Sentia-se na obrigação de explicar que era normal, no meio acadêmico, esse tipo de debate de ideias. Na verdade, essa prática tão evitada por alguns espíritas, não era muito diferente do que fazia Allan Kardec, em sua notável Revue Spirite. Coloquei bem no início do texto, porque tenho certeza de que essa é uma marca que ele gostaria que fosse associada à sua imagem. Análise e discussão de ideias, algo bem próprio de um professor, título que deve lhe ser mais caro que o de pesquisador ou de administrador da coisa pública.
Pessoalmente, conheci-o no Centro Espírita Manoel Felipe Santiago, em Belo Horizonte, época em que vinha convidado para fazer palestras e divulgar o espiritismo. Ele era sério, mas uma pessoa alegre. Parece contradição, mas não é. Seriedade para expor seus estudos e ideias, alegria no trato com os que estavam assistindo, ou que o procuravam após a palestra, para ter aquele "dedo de prosa" bem mineiro.
Havia sido reitor, mas ela horizontal no trato. Em momento algum servia-se do currículo ou dos títulos para defender suas propostas. Tratou a todos em Belo Horizonte, de igual para igual.
O entusiasmo que está nesse texto póstumo irradiava dele. Olhos brilhantes, palavras com emoção, alegria de estar sendo recebido para divulgar Allan Kardec.
Vocês podem ver que o conheci pouco, mas que ele falou muito com seu jeito de ser. E agora, nos antecede na grande viagem. Vai com Deus, com os espíritos familiares e amigos, aqueles que conquistou com suas ações em sua trajetória pela vida terrena. Oxalá nos encontremos, no futuro para falar de Kardec e comer pão-de-queijo no infinito.
14.5.23
ATUALIZADA A LISTA DE ENTREVISTAS DO PROGRAMA "ESQUINA DO CÉLIA".
6.5.23
O QUE É INTELECTUALIZAR A MATÉRIA?
Jáder Sampaio
Na pergunta 25 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec está discutindo os princípios, e divide didaticamente o universo em duas substâncias (ousias) originais, essências ou princípios (alguma coisa primordial ou primitiva da qual se originam mudanças): espírito (princípio inteligente) e matéria (princípio material, que compreende as transformações de um fluido cósmico ou universal). Trata-se de posição muito similar à de René Descartes (1596-1650) adicionada a lei do progresso.
Kardec trabalhava com um conceito de matéria sem um átomo formado de prótons (isso surgiu em 1866 e foi apresentado à comunidade acadêmica por Rutherford em 1911), elétrons (surgiu com as pesquisas de Thompson em 1897, que mostrou que os raios catódicos eram formados de partículas com cargas negativas) e nêutrons (descobertos em 1932 por James Chadwick). Já existia o conceito de moléculas, que era entendido como associação de átomos (vistos como corpúsculos indivisíveis de várias formas, que se “encaixavam” uns nos outros). O átomo era conhecido como molécula elementar, ao lado das moléculas compostas, formadas de associações de diversas moléculas elementares. Moléculas elementares e compostas formavam a matéria. E aí parece termos chegado ao conceito de matéria empregado por Allan Kardec em seus escritos.
Como entender a intelectualização da matéria? Talvez tenhamos uma chave explicativa em uma pergunta geralmente mal interpretada: a questão 28, onde Kardec menciona “matéria inerte” e “matéria inteligente”. Os espíritos não se prendem à nomenclatura proposta, mas o que Kardec parece querer distinguir é, em primeiro lugar, a matéria que não tem sinal de inteligência, como uma pedra de sílex ou um arbusto, sendo que esse último reage física e quimicamente à luz, à água, e a elementos que se encontram na terra, à energia nuclear e à gravidade, por exemplo. Contudo, não há qualquer sinal de inteligência, nem de instinto.
Em segundo lugar há seres do reino animal, que apresentam instintos (os quais Allan Kardec explicou com uma frase interessante: “inteligência sem raciocínio”, questão 73) e a inteligência, que Kardec associa, em seu primeiro livro espírita ao “pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades”. (questão 71).
Para explicar seres, como as plantas mesmo, que têm vida, mas não têm instinto nem inteligência, os espíritos com os quais dialoga Kardec se servem de um conceito muito usado à época e meio abandonado nos dias de hoje pelas ciências naturais: o princípio vital.
A biologia de nossos dias não fala mais de um vitalismo (há pequenas exceções), porque desenvolveu-se o conhecimento no sentido de explicar a vida a partir da estrutura e funcionamento dos corpos e em associação com a física e a química, exclusivamente, tornando as argumentações metafísicas ou filosóficas, não baseadas em evidências, mas em princípios ideais, como não sendo conhecimento científico, de forma geral. Isso não significa que não exista algum princípio vital, apenas que a ciência decidiu mudar o rumo de sua nau e abandonou esse objetivo por considerá-lo metafísico.
Assim, as “pedras” são matéria com uma força inerte (questão 585) sem princípio vital, nem instinto, nem inteligência; as plantas têm matéria e princípio vital, algumas parecem mostrar algum instinto rudimentar, como a dionéia (questão 589), os animais têm a tal “força inerte”, o princípio vital, os instintos mais ou menos desenvolvidos e alguns têm uma inteligência rudimentar. Kardec explicita algumas características dos animais, como capazes de se comunicar, muitas vezes sem serem capazes de emitir sons (isso parece mais desenvolvido nos animais de reinos superiores na taxonomia de Lineu, do século 18), terem um livre arbítrio limitado às suas necessidades e instinto de imitação (como em papagaios, que imitam os sons, e macacos que imitam os gestos – questão 596).
Na questão 597 temos uma afirmação que se tornou polêmica, entre os espíritas que insistem em estudar frases soltas: Kardec diz que os animais têm um princípio independente da matéria que sobrevive ao corpo. Seria uma espécie de precursor do Espírito (questão 76), uma alma muito inferior à humana (questão 597-a), que conserva sua individualidade após a morte, mas não tem consciência de si mesmo (questão 598), que não pode fazer escolhas psicológicas, por não ter livre arbítrio propriamente dito (questão 599), que tem um intervalo curto entre a desencarnação e reencarnação, controlado por espíritos responsáveis por isso (questão 600), sujeita ao progresso pela força das coisas e não por sua própria vontade (questão 602).
A última distinção que Allan Kardec faz entre os animais e os homens diz respeito à inteligência. A inteligência que os animais (superiores) possam vir a desenvolver diz respeito exclusivo à “vida material” e a dos seres humanos abrange também a “vida moral”, entendida aqui como vida psicológica ou psíquica, que envolve escolhas morais e diversas escolhas que os animais não fazem.
Observando detidamente o todo da argumentação kardequiana, a matéria intelectualizada são os animais que apresentam inteligência rudimentar (lato sensu) e os seres humanos que se servem da inteligência (stricto sensu) e do livre-arbítrio para atender suas necessidades e escolher uma vida moral (no sentido mais amplo, de vida psicológica). Os espíritos deles têm acesso a corpos capazes de permitir a individualidade, o movimento e outras características necessárias à ação de inteligências no meio ambiente.
Os seres materiais que não são inertes, que apresentam vida, mas não têm uma vida psicológica, seriam matéria não-intelectualizada, e dentre esses, os que vivem e morrem, não teriam ainda um espírito individual, mas seriam portadores do princípio vital.
Hoje a biologia fala em cinco ou mais reinos, na medida em que com o avanço dos conhecimentos, se tem mais informações sobre os seres para classificá-los, mas isso não é necessário à compreensão do pensamento de Allan Kardec no ponto em questão.
11.3.23
PROJETO CONCERNENTE AO ESPIRITISMO
Meu amigo, o Dr. Alexandre Caroli, reviu e me avisou da publicação desse manuscrito de Kardec. Ele é relativamente recém-conhecido, porque ficou no papel durante mais de um século, escrito à mão, não publicado e o Projeto Allan Kardec, de diversas instituições, mas divulgado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, deu luz ao texto manuscrito, em francês e em português.
Ele deixa clara a concepção cristã-espírita da humanidade como irmandade, sem distinção. Marcamos a frase em que isso é explicitado.
Essa concepção, contudo, não é nova. Encontra-se em diversos momentos da obra de Kardec, sobretudo na Lei de Igualdade, que fazendo parte das Leis Morais, é um dos pilares do edifício ético do espiritismo. Não é mera opinião de Rivail-Kardec, mas parte dos princípios filosóficos de seu pensamento.
Segue abaixo parte do texto do "Projeto Concernente ao Espiritismo" e o endereço na internet em que pode ser acessado por qualquer internauta.
"Qualquer um que conheça os princípios da doutrina e os felizes resultados que ela produz a cada dia verá, na sua propagação e na união dos seus adeptos, a melhor garantia da ordem social, visto que ela tem por lema: Fora da caridade não há salvação, e por guia estas palavras do Cristo: Amai-vos uns aos outros; perdoai os vossos inimigos; não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito [e fazei o que gostaríeis que vos fosse feito]; que ela proclama que todos os homens são irmãos, sem distinção de nacionalidades, de seitas, de castas, de raças nem de cores; que ela os ensina a se contentar com o que têm e a suportar com coragem as vicissitudes da vida; que, finalmente, com a caridade, os homens viverão em paz, ao passo que, com o egoísmo, terão inveja uns dos outros, desconfiança e estarão sempre em luta." Allan Kardec, quarta página do manuscrito (os grifos são nossos)
https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=229
Abaixo o texto que a Federação Espírita Brasileira fez, em esclarecimento às acusações feitas através do Ministério Público Federal, que questionou se o espiritismo defendia o racismo. Um texto que se volta ao pensamento kardequiano para responder à ação e que gerou um acordo, permitindo a publicação de Kardec, com a inserção desse texto explicativo, a partir de cerca de 2015.
21.2.23
PROGRAMAÇÃO DO 1º SEMESTRE DE 2023 DO ICEB
O Instituto de Cultura Espírita do Brasil, fundado por Deolindo Amorim, sociólogo, jornalista e servidor público do Ministério da Fazenda. A mudança para Instituto de Cultura Espírita do Brasil foi deliberada em reunião da Liga Espírita em 07 de dezembro de 1957, quando a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos deixou de ser Faculdade, em decorrência de uma mudança legal sobre o ensino superior no Brasil e das exigências de instituições de Estado (Ministério da Educação e órgãos trabalhistas) e associações estudantis. (v. Ideias e reminiscências espíritas, de Deolindo Amorim, Instituto Maria).
Uma vez transformado em Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em reunião dos professores na Liga Espírita do Brasil, de forma democrática, por meio de votação, o que Deolindo gostava de frisar quando tratava de temas ligados a organizações de cunho espírita.
Em 2023, recebi o convite muito honroso da Dra. Nadja para apresentar um seminário, o que me deixou empolgado para divulgar o material sobre o conceito de ciência em Allan Kardec, face a duas grandes tendências de entendimento do conhecimento de sua época, o positivismo comtiano e o conceito de ciências humanas cuja epistemologia foi inicialmente desenvolvida por Wilhelm Dilthey, duas décadas após a desencarnação de Allan Kardec.
30.1.23
MESSE DE LUZ E OUTRAS HISTÓRIAS: UMA VIDA MARCADA PELO ESPIRITISMO E OUTRAS BOAS INFLUÊNCIAS
Capa do livro
Jáder Sampaio
“Messe de Luz” e outras histórias é o título do novo livro lançado por Elaine Alves Ribeiro do Vale, graças à dedicação e trabalho de sua filha Clícia Ribeiro do Vale e da rede de amigos, escritores, editor, revisor, artista que ela mobilizou.
Na capa, ilustrada pelo artista Heleno Nunes, há a representação de uma mulher semeadora, pano na cabeça, cristã, pés descalços, que vai lançando, curvada e sob o sol vermelho, muitas sementes no solo, que já tem alguns brotos de plantas.
O livro tem o selo da Lachâtre, ou seja, é visto como livro espírita pelo seu conhecido editor, Pedro Camilo.
A apresentação é de Fátima Delgado, que hoje está em nossa casa e tem anos de dedicação à creche da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis – SEJA, na cidade de Belo Horizonte. Na medida em que vamos lendo percebemos o laço sutil que une os participantes: a influência cultural e espiritual de Yvonne Pereira, que tem suas cartas para Elaine transcritas no livro.
A história é longa. Começa com uma obsessão de diversos familiares que suicidaram, a influência espiritual, uma experiência ruim com a medicina e a psiquiatria da época, e a voz de diversas pessoas, como a avó Querubina, que dizia: “Essa menina está é com espírito”, mesmo sendo evangélica. A narrativa apresenta com detalhes o contato “apavorado” com diversos espíritas de cidades diferentes, muitos já esquecidos por terem “trabalhado em silêncio” e não terem sido lembrados pelos seus. A Associação Espírita Célia Xavier entra na narrativa com a saudosa figura de Virgílio de Almeida, que levou dezenas de espíritas na Fazenda da família (Belo Vale, em Pains-MG) e pôs-se ao trabalho da mediunidade e da desobsessão. Escravos, um “trabalho enterrado” e muitas outras coisas vão sendo descobertas até que o sofrimento de Elaine vai sendo mitigado.
O texto tem “o dedo” da Dra. Míriam Hermeto, hoje professora do Departamento de História, que ensinou aos espíritas da região a empregar técnicas de história oral, para a construção de livros de memória, como esse. Elaine foi contando e Clícia gravou e transcreveu, por isso o leitor tem a impressão que está ouvindo uma contadora de histórias recordando e falando, com algum suave toque de mineiridade, na medida em que vai lendo. São “causos”, como dizemos por aqui, que se enredam como uma colcha de retalhos, cujo sentido só será apreendido pelo exame da peça completa, então vamos lendo, ávidos do enredo. Para mim, tem um significado especial porque conheci pessoalmente ou ouvi as histórias de quase todos os personagens, participei de muitos dos acontecimentos que são recordados, então me sinto como se fizesse uma viagem no tempo e recordo com muito afeto de tudo o que está no livro.
Elaine tem uma habilidade que só percebi durante a leitura. Ela é capaz de aproximar pessoas notáveis que trabalharam em diferentes grupos ou espaços sociais do movimento espírita, e retirar o melhor de cada um. Fiquei muito surpreso em encontrar Honório Abreu e Damasceno Sobral, de saudosa lembrança, ao longo do texto. Ela percebeu com clareza que não havia limites para a divulgação espírita nesses dois trabalhadores, nem de distância, nem de número de assistentes, nem de dinheiro para o deslocamento, nem nada. Aposentados, eles dedicaram o corpo e a alma à divulgação do Espiritismo, da obra de Kardec e de Chico Xavier, e são respeitados por quem quer que os tenha conhecido.
O nascimento do Centro Espírita “Messe de Luz” em Pains-MG, cujo nome veio da percepção de Seu Virgílio, já no plano espiritual, retrata o preconceito e a luta, não contra as pessoas, mas contra a intolerância, a ignorância, a violência dos pequenos atos e comentários contra o que não tivesse o rótulo de católico, mesmo estando ligado aos valores cristãos, contra o medo do novo, do diferente. A voz de Elaine, agora baixinha, contrapõe violência com caridade e amor. Na história, muitas pessoas lançaram pedras (e moedas de uma unidade econômica da época, cruzeiro, cruzado, sei lá o quê!), desligaram disjuntores, quebraram vidraças, fizeram barulho para calar os expositores e outras atitudes pequenas, próprias de quem está na infância do espírito. Essas memórias são quase confessadas, recordadas, talvez com sofrimento, mas seguidas de satisfação, quando se descobre que o “centro” auxiliou mesmo quem se declarou inimigo. É lindo ler isso! Apercebo-me que convivi com uma personagem muito semelhante aos heróis cristãos, que empunham a compreensão e a disposição de ajudar como armas poderosas que quebram muralhas de medo e preconceito.
Leprosos (assim eram chamados os hansenianos), garimpeiros miseráveis, presidiários, pobres em sofrimento e com fome, crianças de pés descalços, vão desfilando aos olhos da nossa imaginação em cada lembrança que é contada. Eles são todos tratados como irmãos, e não como párias ou marginais. Depressão, desespero, ódio e outras doenças da alma, vão sendo tratados com o diálogo, a suave influência da imposição de mãos sobre a cabeça, a voz de espíritos bondosos e sábios, a inclusão nos grupos de trabalho a favor dos excluídos e dos que sofrem, com os livros oriundos das mãos de médiuns que dormiam tarde e acordavam cedo para realizar sua parte no pacto espírita da fraternidade.
A narrativa sai de Minas Gerais e vai para o sul do estado do Pará, repleto de contradições, de sofrimento, de sonhos, e carente de luz, não a luz do sol, nem a luz levada pelos fios de cobre, mas a luz da alma, aquela que dá sentido à vida. Pequenos trechos de estradas malconservadas que levam dias para ser percorridos, quando aqui, no Estado de Minas Gerais, teriam sido gastas horas, e às vezes minutos.
Os livros espíritas, que ela aprendeu a divulgar em praça pública, são levados pelos caminhos de terra, em ambiente chuvoso, por lugares inóspitos. Trens cujo ponto final está no meio da majestosa floresta amazônica, exigindo “baldeação” em veículos movidos com gasolina ou álcool, passando por estradas barrentas ou mesmo trilhas esburacadas. A criação de um centro espírita a mais, em Marabá, que se tornou um centro de luz, um lugar em que se recebem os miseráveis, diminuem a fome, fazem apologia do bem que podemos fazer e não do mal que corre de boca em boca, mesmo dos que nada testemunharam.
De volta a Minas, Elaine se recorda do Yoga, em academias, mas também em salas de aula de escolas, das muitas cidades em que ela esteve. Ela não foi apenas semeadora, foi andarilha, deixando sementes de árvores frutíferas onde passava, movida pela esperança de crescimento no futuro, que talvez, como Moisés, ela não terá o prazer de ver florescer.
Minha modesta contribuição no projeto foi com fotos e biografias: a de Virgílio de Almeida, que é apenas uma teimosia para que não se esqueçam dele, e a de Marlene Assis, outra lutadora pela doutrina.
As poesias, algumas premiadas, terminam o livro. É onde podemos ler a alma da autora, seus anseios, suas preocupações, sua visão aguçada do mundo em que viveu, sua condição de mulher.
Foram impressos poucos livros, então só pude trazer uma dezena, para dar a alguns que viveram estas histórias, e deixar na livraria da Associação Espírita Célia Xavier para venda. Quem quiser ler, e não souber onde lançará os olhos por uma tarde, essas são minhas impressões.
14.1.23
DUAS CONCEPÇÕES DE DEUS NA BÍBLIA: A TORÁ E A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
Paulo na prisão romana
Jáder Sampaio
Lendo a epístola aos Gálatas, escrita por Paulo de Tarso, encontrei uma pérola: "E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai! De forma que não já és mais escravo, mas filho. Se és filho, és também herdeiro, graças a Deus." (Gálatas 4:6)
Esse é um versículo muito rico, que, no contexto dessa carta, nos faz tecer muitas considerações.
Como sabemos, Paulo está, ao longo da missiva, combatendo as ideias nucleares das tendências judaizantes no cristianismo primitivo. Se antes ele usou sua autoridade para dizer que era errado, agora ele argumenta teologicamente, justificando aos cristãos a diferença entre ser cristão e ser judeu.
Há alguns meses estava lendo os livros da Torá, e muitas, mas muitas vezes, se vê Yaweh afirmando: "Eu sou o Senhor". Quando se lê esses livros que contém não apenas orientações éticas de Yaweh, mas um código de leis, com estabelecimento de penas e obrigações para as vidas do povo que antes era escravo no Egito. O que se vê é que essa concepção de Deus da Torá, pressupõe um ser sobrehumano, criador, poderoso, voluntarioso, que teria libertado os hebreus mas se colocado no lugar que antes pertencia ao Faraó. Como Paulo diz, de certa forma, o Deus hebraico é o novo Senhor, o novo escravizador, e os hebreus deixaram de ser escravos do Faraó para se tornarem escravos de Deus. Esse Deus do Torá promete uma terra própria para viverem como agricultores e proteção. Ele estabelece seus representantes e o que devem fazer e exige que os hebreus sigam suas leis. Eles terão, portanto, a Terra Prometida, e a proteção dos povos vizinhos e dos conquistadores, desde que sigam a vontade de Deus.
Por outro lado, a concepção de Deus pregada por Jesus é a de Pai, que ele chama de Abba, uma palavra hebraica (אבא) que significa Pai. Nessa concepção cristã (que é o que Paulo está desenvolvendo nessa epístola), somos filhos do mesmo pai, herdeiros, portanto, e não mais escravos.
Mas na sequência do texto, Paulo mostra que durante a infância, os filhos ou herdeiros seriam como os escravos, no sentido de terem que obedecer as autoridades que se responsabilizam por eles até tornarem-se adultos. (Gl 4:1-3) Ele faz uma imagem, a das crianças que ficam sobre o cuidado do pedagogo (ou aio, na tradução de Ferreira de Almeida) até serem entregues ao Mestre (Jesus). Ele usa essa analogia para explicar a necessidade de viver sob a lei (uma espécie de infância espiritual) e de depois substituir a lei pela fé em Jesus Cristo (uma nova lógica de vida, que dispensa a observação estrita às exigências da lei e dos profetas)
A relação do homem com Deus, portanto, vai da submissão-obediência infantis, repleta de prescrições comportamentais, para a autonomia em Jesus, que trabalha em nível de atitudes. Isso também traz novas luzes para distinguir entre a "obra da lei" (Gl 3:2) e a "fé cristã".
Esse entendimento paulino, também nos permite discutir a expressão "Filho Unigênito", filho de mulher, e a dogmática da concepção divina de Jesus, mas isso fica para o futuro.
6.1.23
POR QUE O LIVRO DE CANUTO ABREU SE CHAMA "O EVANGELHO POR FORA"?
ABREU, Canuto. O
evangelho por fora. São Paulo, LFU, 1996.
HEINE, Ronald. Origen: an introdution to his life and thought. OR-USA: Cascade Books, 2019.
17.12.22
ESTUDO MINUCIOSO DO EVANGELHO E ANÁLISE DE CONTEXTO
A revista Reformador, editada pela Federação Espírita Brasileira, publicou um artigo do autor de Espiritismo Comentado sobre a "análise minuciosa do Evangelho" e um técnica chamada de análise contextual, que envolve uma análise interna (no caso, do próprio texto, em comparação com o todo, a perícope ou a unidade do texto) em conjunto com informações do autor, geográficas, históricas.
Abaixo o resumo do artigo.
Resumo
A análise minuciosa do
Evangelho foi explicada pelo espírito Emmanuel em dois de seus livros: "Caminho, verdade e vida" e "Renúncia", publicados em 1948 e 1944, respectivamente. Ele
propõe a leitura de um único versículo (que usa como epígrafe em seus textos
publicados) e a meditação profunda dele. Não há proposta de se fazer
hermenêutica nem exegese, é uma reflexão. Além de analisar a proposta de
Emmanuel, este artigo compara a análise minuciosa, baseada em versículo isolado
ou lógion, com a análise contextual, em
cujo contexto interno se baseia em perícopes, nas comparações com outras partes
do texto evangélico e da Bíblia e com informações históricas, geográficas e
arqueológicas.
Palavras-chave
Evangelho, Emmanuel,
Hermenêutica, Reflexão Pessoal, Exegese, Eisegese
30.11.22
UMA CANÇÃO PARA OUVIR NO NATAL, TAMBÉM!
Jáder Sampaio
Um dia me disseram que a música espírita é de má qualidade. Penso que há todo tipo de canções no meio espírita, desde composições realmente simples até composições e arranjos de músicos muito talentosos. O mesmo acontece com os periódicos, os expositores e toda atividade na qual predomina o voluntariado e o encontro.
James Marotta dirigiu o Coral Pedro Helvécio, da União Espírita Mineira, por muitos anos. É músico e tem composições e arranjos para o canto orfeônico que quem ouve, e o conhece, percebe sua assinatura.
Ladston do Nascimento é músico profissional e junto com Cacau Lopes (saudades), de voz maravilhosa, fizeram um arranjo em inglês e português da música intitulada "Noite Igual" que fala da natividade de Jesus e parece se dirigir a quem quer que seja cristão, não importa a denominação.
Está chegando dezembro de 2022, um ano marcado ainda pela pandemia de COVID, de um clima de conflito ligado às eleições e que termina com uma Copa do Mundo de futebol.
No Célia Xavier estamos trabalhando para a Campanha de Natal e para marcar o aniversário do nosso mestre, lembrando daqueles "pequeninos irmãos", conforme ele mesmo disse segundo Mateus, no capítulo 25, versículo 40.
Peço que ouçam e vejam o trabalho que foi apresentado no Seminário Lítero-Musical de Nova Lima e registrem sua impressão sobre a canção e sua interpretação.
27.11.22
RUBENS ROMANELLI: QUANDO
Quando...
Filho meu!
QUANDO nas horas de íntimo
desgosto o desalento te invadir a alma e as lágrimas te aflorarem aos olhos,
busca-me: eu sou aquele que sabe sufocar-te o pranto e estancar-te as lágrimas;
QUANDO te julgares incompreendido
dos que te circundam e vires que, em torno, a indiferença recrudesce, acerca-te
de mim: eu sou a luz, sob cujos
raios se aclaram a pureza de tuas intenções e a nobreza de teus sentimentos;
QUANDO se te extinguir o ânimo para
arrastares as vicissitudes da vida e te achares na iminência de desfalecer,
chama-me: eu sou a força capaz de
remover-te as pedras dos caminhos e sobrepor-te às adversidades do mundo;
QUANDO, inclementes, te açoitarem
os vendavais da sorte e já não souberes onde reclinar a cabeça, corre para
junto de mim: eu sou o refúgio, em
cujo seio encontrarás guarida para o teu corpo e tranquilidade para o teu
espírito;
QUANDO te faltar a calma, nos
momentos de maior aflição, e te considerares incapaz de conservar a serenidade
de espírito, invoca-me: eu sou a paciência
que te faz vencer os transes mais dolorosos e triunfar das situações mais
difíceis;
QUANDO te debateres nos
paroxismos da dor e tiveres a alma ulcerada pelos abrolhos dos caminhos, grita
por mim: eu sou o bálsamo que te
cicatriza as chagas e te minora os padecimentos;
QUANDO o mundo te iludir com suas
promessas falazes e perceberes que já ninguém pode inspirar-te confiança, vem a
mim: eu sou a sinceridade, que sabe
corresponder à franqueza de tuas atitudes e à nobreza de teus ideais;
QUANDO a tristeza e a melancolia
te povoarem o coração e tudo te causar aborrecimento, clama por mim: eu sou a alegria, que te insufla um alento novo
e te faz conhecer os encantos do teu mundo interior;
QUANDO, um a um, te fenecerem os
ideais mais belos e te sentires no auge do desespero, apela para mim: eu sou a esperança, que te robustece a fé e te
acalenta os sonhos;
QUANDO a impiedade recusar-se a
relevar-te as faltas e experimentares a dureza do coração humano, procura-me:
eu sou o perdão, que te levanta o
ânimo e promove a reabilitação de teu espírito;
QUANDO duvidares de tudo, até de
tuas próprias convicções, e o ceticismo te avassalar a alma, recorre a mim: eu
sou a crença, que te inunda de luz o
entendimento e te habilita para a conquista da Felicidade;
QUANDO já não provares a
sublimidade de uma afeição terna e sincera e te desiludires do sentimento de
teu semelhante, aproxima-te de mim: eu sou a renúncia, que te ensina a olvidar a ingratidão dos homens e a
esquecer a incompreensão do mundo;
E QUANDO, enfim, quiseres saber
quem sou, pergunta ao riacho que murmura e ao pássaro que canta, à flor que
desabrocha e à estreia que cintila, ao moço que espera e ao velho que recorda.
Eu sou a dinâmica da vida e a harmonia da Natureza: chamo-me amor, o remédio para todos os males que
te atormentam o espírito.
Estende-me, pois, a tua mão, ó
alma filha de minhalma, que eu te conduzirei, numa sequência de êxtases e
deslumbramentos, às serenas mansões do Infinito, sob a luz brilhante da
Eternidade.
Autor: Rubens
Romanelli
Livro: O Primado do
Espíritos
Editora: Lachâtre
Disponível para
aquisição (últimos dez exemplares) na Livraria Ysnard Machado Ennes, na
Associação Espírita Célia Xavier.
Rubens Romanelli foi livre
docente e professor titular concursado na antiga cátedra de língua latina na
Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel e licenciado em línguas
clássicas. Foi diretor do antigo Instituto de Humanidades da Faculdade de
Filosofia da UFMG. Importante expoente do Movimento Espírita Mineiro.
16.11.22
A AÇÃO HUMANITÁRIA SEM DISTINÇÃO DE RAÇAS E CRENÇAS É UM IMPERATIVO ÉTICO ESPÍRITA?
Faz 18 anos que defendi a tese Voluntários: um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura em uma organização do terceiro setor. Tive que voltar a ela e acessei o catálogo de teses e dissertações na USP, onde há uma cópia digitalizada. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-24052007-160054/pt-br.php
Para minha surpresa, apenas nesse canal, foram 17.099 visitas e 9095 downloads; ou seja, quase dez mil pessoas acessaram a tese, e, segundo o Google Acadêmico, foram 54 citações diretas à tese publicada em forma de livro e 6 citações à tese citada em forma de arquivo pdf , e das citações indiretas, encontrei as seguintes:
O Maslow desconhecido: uma revisão dos seus principais trabalhos de motivação - 137 citações
A dinâmica de grupos de Bion e as organizações de trabalho - 25 citações
A gestão de pessoas e a motivação - 16 citações
Resgate da teoria de motivação de Joseph Nuttin - 7 citações
Motivação de voluntários em creche no terceiro setor - 5 citações
Ethos, sincretismo e identidade no espiritismo brasileiro - 2 citações
O livro da tese está na segunda edição e ainda no mercado. Como diria meu colega, Prof. Miguel Mahfoud, "o livro está vivo".
Para adquirir o livro, peça à distância em https://ccdpe.org.br/loja/
Vou retirar parágrafos que são muito contemporâneos hoje, mesmo tendo sido escritos há 18 anos, e ir publicando em formato de gotas no Espiritismo Comentado. Um tema polêmico, hoje, tem sido o trabalho social espírita. Ao tentar propor um ethos espírita na obra de Allan Kardec, escrevi:
"Enquanto ser-no-mundo, espírito encarnado, é dever ético do espírita o seu autoconhecimento (LE, q. 918-919), o seu autodesenvolvimento intelectual e moral (LE, q. 779-780), e a sua ação humanitária "sem distinção de raças, nem de crenças" (LE, q. 918), seja como membro da sociedade ou membro de uma instituição"
Jáder Sampaio.
24.10.22
RESENHA DE "ESPIRITISMO EM PERSPECTIVAS" É PUBLICADO NA REVISTA INTERAÇÕES, DA PUC MINAS.
A revista Interações, da PUC Minas, acaba de ser lançada em formato digital e gratuito. Nesse número 17, o tema central é "O espiritismo em perspectivas", tornando-se um grande dossiê de pesquisas sobre a doutrina nas áreas de ciência da religião, história, filosofia e outras ciências humanas.
Contribuí com uma resenha crítica sobre o livro "Espiritismo em perspectivas", publicado pela Saga Editora em 2019, organizado por Adriana Gomes, André Seal e Marcelo Gulão. Quem se interessar pelo nosso trabalho, basta acessar: http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/27588
O número DOI da Interações é http://dx.dox.org/10.5752/p.1983-2478
Recomendo aos leitores de Espiritismo Comentado a leitura de "Um panorama histórico da trajetória do espiritismo da França até o Brasil", de Angélica Almeida, Adriana Gomes e Marcelo Gulão Pimentel. http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/29088
Recomendo também o texto de Humberto Schubert, "As bases filosóficas do niilismo e do espiritismo explicadas segundo o conflito ciência e religião". http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/27092
Fausto Nogueira escreveu um artigo sobre a imprensa espírita em São Paulo (1873-1911). Se a memória não me engana ele tem uma tese de doutoramento sobre Batuíra, e usou o acervo do Centro de Cultura e Documentação do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, em São Paulo.
Pedro Simões, professor da UFSC, escreveu um artigo sobre seu tema: O assistencialismo espírita. Ele publicou um livro com o selo do CCDPE-ECM, chamado "Dá-me de comer", no qual apresenta uma pesquisa nas sociedades espíritas de Santa Catarina e analisa o pensamento de Kardec com relação à ação social.
Ainda não li a maioria dos artigos da revista, mas os autores merecem ser lidos por espíritas e simpatizantes, que desejam conhecer os trabalhos acadêmicos sobre o espiritismo e o movimento espírita.
11.10.22
ESQUINA DO CÉLIA TRAZ FILHA DE HERMÍNIO MIRANDA PARA FALAR DE RECORDAÇÕES
Há nove anos desencarnava o escritor Hermínio Corrêa de Miranda, no dia 08/07/2013. Passados mais de nove anos, conseguimos entrevistar a filha para falar do Hermínio-Pai e das suas memórias sobre o Hermínio-Escritor Espírita.
Foi pouco mais de uma hora de entrevista na qual ficamos sabendo de muitos acontecimentos na vida do nosso herói intelectual. Os livros Os Procuradores de Deus, Os senhores do mundo, Nossos filhos são espíritos e A diversidade dos Carismas são os que aparecem nessa conversa, mais parecida com um café na boca do forno à lenha que com as sizudas entrevistas técnicas que vemos em muitos canais de televisão.
Se você já leu e gosta do Hermínio, essa entrevista é um presente, Não deixe de assistir! Ela está no endereço eletrônico: https://youtu.be/p52GQDPdANI
11.9.22
ATUALIZADA A LISTA DE ENTREVISTAS NO ESQUINA DO CÉLIA
Ao lado da página inicial, na régua superior do blog, há duas outras páginas. A que circulei em roxo na imagem acima é uma lista contendo em ordem de apresentação todas as entrevistas do programa "Esquina do Célia" na TV Célia Xavier. Trata-se de um roteiro com dez ou mais perguntas, que são feitas a convidados de todo o Brasil. Tem por objetivo divulgar novos autores, novos livros de temática espírita, teses, dissertações e atividades levadas em curso no meio espírita.
Já trouxemos convidados do Paraná ao Ceará, muitos ligados à LIHPE e ao CCDPE-ECM, mas não exclusivamente. Quase sempre damos o "caminho das pedras" para que o leitor possa acessar ou adquirir o livro que está sendo apresentado, ou conhecer o trabalho pessoalmente.
Recomendo aos leitores do Espiritismo Comentário, que gostam de livros novos, eventos, conhecer outras atividades, a frequentarem pelo menos mensalmente essa "orelhinha" do EC. As entrevistas são feitas no segundo sábado do mês às 20 horas na TV Célia Xavier, e participando ao vivo, o leitor pode fazer perguntas ao entrevistado via chat.
Abaixo da apresentação de cada entrevistado, há um link que leva o leitor diretamente ao YouTube, abrindo no início da entrevista ou em uma propaganda curta, após a qual inicia-se a vinheta do programa.,
31.8.22
CIÊNCIA NATURAL OU CIÊNCIA DO ESPÍRITO: O QUE É O ESPIRITISMO?
"A natureza nós explicamos, a vida da alma nós a compreendemos."
Wilhelm Dilthey
No 17º Enlihpe, apresentamos um trabalho intitulado "Allan Kardec entre Comte e Dilthey, ou porque o espiritismo não é apenas ciência natural". É o segundo capítulo do livro "Coerência doutrinária na pesquisa espírita", publicado pelo Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE-ECM) e pela Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE) agora em 2022.
Dilthey é um dos autores que entende que há um método próprio para se compreender o espírito humano, visto como um todo de vivências, pensamentos, e talhado com os elementos da cultura, da religião, das leis e da história. Algo que não se explica, mas se compreende, se formos capazes de escutar e viver na nossa mente o que o nosso paciente vivencia.
O que argumento no capítulo é que foi isso que Allan Kardec fez com os espíritos desencarnados na elaboração do espiritismo: ouviu, compreendeu e analisou. Ele não trabalhou como um astrônomo, um químico ou um médico, no geral, porque quem percebia os espíritos e os interpretava eram os médiuns, não ele. Por consequência, o espiritismo, de forma geral, foi mais construído a partir de técnicas de pesquisa usadas em ciências humanas, que com técnicas de pesquisa usadas em ciências naturais.
Se puderem, confiram.
O livro está em formato de e-book na amazon.com.br e em papel na livraria do CCDPE-ECM.